quinta-feira, 17 de junho de 2010

Mundo dela... Alice.

(imagem:google)

Ela sentou em frente a tela, deu a última tragada no cigarro e o apagou. Janela estava entre aberta e as cortinas brancas soltas. Ela estava sentada em uma posição confortável, descalça, com o cabelo preso, de óculos em frente a tela. Tomou um gole no café morno, cafeinado, a boca armagou... Esticou-se e posicionou-se novamente olhando para a tela... faria qualquer coisa por aquela tela.

A gota de água caí da torneira bem acima da louça suja da pia, e o barulho do relógio ia quase que no mesmo ritmo. O relógio funcionava porém, as os minutos não passavam.
Ficou em silêncio olhando... Olhou a cama bagunçada, clara.
Ela não gostava de nada escuro... Tudo em tom claro. Ela apreciou o ambiente, não aquele ao redor dela, mas o do outro lado da tela.

Aquele que ela podia vir a ser o que queria quando deseja-se. Sem pressão, apenas ela e a tela. Não importava o mundo, não importava os outros. O mundo dela era aquela tela na qual ela poderia reproduzir, produzir e criar o que fosse de agrado e interesse.
A relação com tela era tão íntima que os outros não faziam mais sentido, eles não compreenderiam aquele mundo tão fantástico no qual ela gostava... Sentia falta do calor, admite, porém não peca em nada na sensação proporcionada.

Era tudo tão vazio, que o nada era a possibilidade mais fascinante que poderia existir. O nada era tudo que possuía de fato. Conviver com o nada lhe dava a oportunidade de ser qualquer coisa e isso a tocava. Tocava o fato e não ser tocada. Não se toca o divino, o perfeito, o universo. O fato dela não ser tocada a tornava o universo perfeito. Seria demais para o outro admitir que ela é o universo perfeito, como aceita a perfeição do outro?! Por isso a ela gostava da tela, pois a tela entendia, aceitava e o mais importante permitia ela ser esse universo perfeito.

Ela tomou o último gole de café, colocou a xícara na pia. Foi até o outro cômodo e pegou uma caixa de veludo que tinha uma cor fabulosa. Abriu a caixa, sentou-se a frente da tela, rio alto muito alto, colocou a mão trêmula na frente da boca, por um segundo exitou... depois puxou o gatilho em direção a própria cabeça.

Um comentário:

  1. Cada um tem o seu próprio, alguns sabem conviver com ele, já outros não.
    Sucesso com o blog!

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